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Villa dos Coches:
História do Lugar

A Rua da Junqueira deve o seu nome aos juncos que a ladeavam quando esta, antes do aterro na zona sul que a afastou do rio, era apenas o percurso mais directo para o Mosteiro de Santa Maria de Belém. Deste a primeira menção ao local no Séc. XIII, na altura como «Sítio da Junqueira», muito mudou.

O Séc. XVIII viu aparecer uma série de casas nobres no lado norte da rua, ao estilo barroco. No lado sul, que permaneceu uma praia até meados do Séc. XIX, os pescadores aportavam no final do dia e amarravam os seus barcos às árvores bordejando o rio, uma prática a que a câmara deu fim quando emitiu uma ordem proibindo-os de o fazer. A área tornou-se assim uma espécie de passeio público junto ao rio, hábito que se mantém até aos nossos dias. A actual designação da rua tem origem no Edital de 28 de Novembro de 1887, que vem alterar o antigo nome «Rua Direita da Junqueira» para o topónimo pela qual a conhecemos hoje em dia. Em 1859 foi inaugurada a iluminação a gás. Em 1901 começou a funcionar a linha do eléctrico que subsiste até aos nossos dias. Dos juncos que a circundavam resta o nome; o tempo encarregou-se de no seu lugar fazer crescer uma multitude de edificações sem os quais a história de Lisboa não seria a mesma.


Villa dos Coches:
História do Edifício

Como articular um passado centenário com um presente em constante fluir? Como respeitar a paisagem, sem comprometer edifícios que se querem modernos, funcionais e auto-sustentáveis? Como estabelecer um diálogo harmónico entre construção e monumento, entre espaço privado e público, entre as diversas escalas que têm vindo a surgir nesta zona da cidade?

A Villa dos Coches procura dar respostas concretas e orgânicas às questões que levantadas. Conserva, no edifício voltado para norte, a arquitectura herdada do Séc. XVIII, preservando-lhe a fragrância aristocrática. O edifício voltado para sul, contíguo ao Museu dos Coches – de que a Villa herda o nome – dialoga com outra linguagem, diferente a nível de estilo e de escala, assume uma contemporaneidade discreta com a qual se insinua entre passado e futuro. Ambos os edifícios comportam a responsabilidade de se encontrarem num nexo de dificuldades de comunicação arquitectónica; ambos os edifícios procuram resolvê-las no diálogo que mantêm um com o outro e com aquilo que os rodeia. Ambos são exemplares no modo como procuram traçar os contornos de uma ideia de futuro para Lisboa firmemente alicerçada na história e na memória. São dignos da cidade.